O boxe é um dos esportes mais tradicionais da Olimpíada, principalmente no masculino. A estreia da modalidade foi nos Jogos Olímpicos de St. Louis-1904. No feminino, entretanto, a inclusão demorou a acontecer, e a primeira vez que as mulheres estiveram na disputa do boxe foi apenas em Londres-2012.

Diferente da grande maioria dos modalidades olímpicas, que utilizam as regras tradicionais do esporte, o boxe olímpico possui algumas diferenças em relação ao boxe profissional.

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Até 2012, por exemplo, os pugilistas profissionais não podiam disputar a Olimpíada. Outra diferença importante é em relação a duração da luta: enquanto no boxe olímpico o combate dura até 3 rounds de 3 minutos, o profissional pode chegar até 12 assaltos. 

Na Olimpíada, a modalidade conta com 5 árbitros por luta, enquanto o profissional apenas 3. As roupas utilizadas nos combates também mudam, já que homens e mulheres precisam utilizar a parte de cima da vestimenta, obrigatoriamente azul para um e vermelha para o outro no boxe olímpico. No profissional, apenas as mulheres precisam usar tops.

Fora essas diferenças, o conceito da luta não se altera, já que os golpes permitidos são os mesmos. O boxeador só pode atingir o oponente com socos, com a luva fechada, acima da linha da cintura, na frente e nas laterais.

Histórico do boxe Olímpico

Assim como no profissional, existem diferentes categorias que estão presentes no boxe em Olimpíadas, que foram sendo modificadas ao longo dos anos. 

No boxe masculino, a primeira Olimpíada (St. Louis-1904) teve 7 categorias de disputa: pesado, médio, meio-médio, leve, pena, galo e mosca. No último Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020, o esporte contou com 8 categorias. De 1984 até 2000 foi o período em que mais teve categorias no boxe olímpico, com doze.

Já no feminino, o recorte é menor. Apenas 3 Olimpíadas tiveram mulheres no boxe, Londres-2012, Rio-2016 e Tóquio-2020. Em 2012 e 2016, apenas as categorias médio, leve e mosca estiveram presentes. Em 2020 foram acrescidas as categorias meio-médio e pena.

Ao longo de mais de 100 anos de história, o boxe olímpico já distribuiu 998 medalhas, sendo 265 de ouro, 265 de prata e 468 (no boxe não tem disputa de terceiro lugar). 

Os Estados Unidos são os maiores vencedores, com 118 medalhas no total (50 ouros, 27 pratas e 41 bronzes). Cuba também se destaca, tendo conquistado 78 medalhas (41 ouros, 19 pratas e 18 bronzes). 

Apenas três lutadores conquistaram 3 títulos olímpicos na história do boxe em Olimpíada: o húngaro László Papp (Londres-1948, Helsinque-1952 e Melbourne-1956) e os cubanos Teófilo Stevenson (Munique-1972, Montreal-1976 e Moscou-1980) e Félix Savón (Barcelona-1992, Atlanta-1996 e Sydney-2000). 

Boxe na Olimpíada de Paris

A programação do boxe na Olimpíada de Paris vai acontecer entre os dias 27 de julho e 10 de agosto. Os combates serão realizados no estádio de Roland Garros e na Arena Paris Norte. Serão 6 categorias no feminino e 7 no masculino. 

No total, 248 boxeadores estarão presentes em Paris, sendo 124 mulheres e 124 homens. A distribuição de vagas por categoria é a seguinte: 

Vagas por categorias no feminino

  • Peso mosca (- 50kg) = 22 vagas
  • Peso galo (-54kg) = 22 vagas
  • Peso pena (-57kg) = 22 vagas
  • Peso leve (-60kg) = 22 vagas
  • Peso meio-médio (-66kg) = 20 vagas
  • Peso médio (-75kg) = 16 vagas

Vagas por categorias no masculino

  • Peso mosca (-51kg) = 16 vagas
  • Peso pena (-57kg) = 18 vagas
  • Peso leve (-63,5kg) = 20 vagas
  • Peso meio-médio (-71kg) = 20 vagas
  • Peso médio (-80kg) = 18 vagas
  • Peso pesado (-92kg) = 16 vagas
  • Peso superpesado (+92kg) = 16 vagas

Para se classificarem a Paris, os atletas tinham 3 caminhos: Torneios de classificação continental, 1º Torneio Classificatório Mundial, 2º Torneio Classificatório Mundial. Além disso, são distribuídas vagas de Universalidade e para o país sede.

O formato do boxe olímpico, independentemente da categoria, é simples: rodadas preliminares (rodadas de 32 e oitavas de final), quartas de final, semifinais e finais. Os semi-finalistas que não avançarem para a final, automaticamente conquistam a medalha de bronze.

Brasil no boxe olímpico e Paris-2024

O Brasil é um país com grande tradição no boxe, tendo pugilistas mundialmente conhecidos, como Eder Jofre, Popó e Maguila, por exemplo. Entretanto, por serem pugilistas profissionais, esses nomes não puderam participar de Jogos Olímpicos.

Em olimpíada, o desempenho brasileiro vem crescendo nas últimas edições. A primeira participação do Brasil foi nos Jogos Olímpicos de Antuérpia-1920.

A primeira medalha brasileira veio com Servílio de Oliveira na Cidade do México-1968, conquistando o bronze. Depois, o país enfrentou um longo jejum, ficando 44 anos (onze Olimpíadas) sem medalhas na modalidade. 

O Brasil voltou ao pódio em Londres-2012, quando conquistou 3 medalhas, com Esquiva Falcão (prata), Yamaguchi Falcão (bronze) e Adriana Araújo (bronze).

A primeira medalha de ouro veio na Olimpíada do Rio de Janeiro (2016) com Robson Conceição, sendo essa a única conquista do boxe brasileiro naquele ano. Em Tóquio-2020 o Brasil voltou a subir no pódio por mais três vezes: Hebert Conceição (ouro), Beatriz Ferreira (prata) e Abner Teixeira (bronze).

No total, o boxe brasileiro já levou 8 medalhas olímpicas, sendo seis no masculino (2 ouro, 1 prata e 3 bronzes) e duas no feminino (1 prata e 1 bronze).

Para Paris, o boxe é uma das grandes esperanças do Brasil. Com 7 medalhas conquistadas nas últimas três Olimpíadas, a delegação brasileira já tem 10 atletas classificados para a próxima Olimpíada. São eles:

  • Abner Teixeira (+92kg) 
  • Bárbara dos Santos (66kg)
  • Beatriz Ferreira (60kg) 
  • Caroline Almeida (50kg)
  • Jucielen Romeu (57kg)
  • Keno Marley (92kg)
  • Luiz Oliveira (57kg) 
  • Michael Douglas Trindade (51kg)
  • Tatiana Chagas (54kg)
  • Wanderley Pereira (80kg)

No último jogos Pan-Americanos de Santiago-2013, o Brasil conquistou 12 medalhas no boxe, com quatro ouros, cinco pratas e três bronzes. O resultado confirmou a grande fase dos pugilistas brasileiros e mostra que o país chega forte em busca de novos pódios na próxima Olimpíada.